
O ano
de 1822, ano da independência do Brasil, está assinalado
na história da Física por dois acontecimentos empolgantes:
um de ordem prática, devido a Faraday, outro de ordem teórica,
devido a Ampère.
No dia
de natal daquele ano, Faraday colocou um condutor entre
os polos de um ímã, fez passar corrente elétrica pelo condutor,
e êste executou movimento de rotação. Foi a primeira vez
que o homem obteve movimento de rotação a partir de um campo
magnético e uma corrente elétrica: estava inventado o motor
elétrico. Como acontece em geral com as descobertas científicas,
ninguém pôde julgar, naquela época, a importância do fato.
Decorridas algumas dezenas de anos foi possível a produção
industrial de motores, cujos serviços para o bem estar humano
não é preciso ressaltar.
No campo
teórico do eletromagnetismo, Ampère lançou uma idéia revolucionária.
Até então admitiam a existência de “fluidos magnéticos”,
que seriam responsáveis pelo magnetismo. Ampère abandonou
essa hipótese, e admitiu que nas moléculas dos corpos existissem
correntes elétricas que produziriam pequenos campos magnéticos.
Quando êsses campos magnéticos se neutralizassem, o corpo
seria neutro. Quando não se neutralizassem, o corpo seria
imantado. Se considerarmos que naqueles tempos, o próprio
conceito de molécula era mal definido, podemos julgar quanto
arrojada era essa hipótese. Efetivamente, a idéia de Ampère
não foi muito aceita. Ela foi retomada somente quase um
século depois. Hoje sabemos que ela encerra um fundo de
verdade. Que o magnetismo é consequência, não de correntes
elétricas moleculares, mas, de correntes elétricas atômicas.
Autor:
Roberto A. Salmeron