
Vimos que
um gerador recebe um determinado tipo de energia e a transforma
em energia elétrica. Há dispositivos que fazem o inverso: recebem
corrente elétrica e a transformam num outro tipo de energia.
Esses dispositivos são chamados receptores.

Em
Eletromagnetismo estudaremos o seguinte fenômeno: quando
um condutor percorrido por corrente
é colocado próximo de um condutor percorrido
por corrente
, eles exercem força um sobre o outro. Essa
força pode ser grande, capaz de deslocar até corpos
pesando toneladas. Na prática damos a esses condutores
uma forma geométrica especial para que a força faça
com que um deles execute movimento de rotação. Quando
esse condutor gira, ele pode arrastar consigo outros
corpos, que também entrarão em rotação. Vemos que esses
dois condutores recebem corrente elétrica e fornecem
energia mecânica (de rotação) aos corpos presos a eles.
Eles constituem, portanto, um receptor; é um tipo particular
de receptor chamado motor elétrico. Em Eletromagnetismo
voltaremos a falar neles.
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Vimos no
tópico "Efeitos
Principais na Corrente Elétrica"
que um dos efeitos da corrente
elétrica é produzir calor. Como a produção de calor coexiste
sempre com a corrente elétrica, os dispositivos em que se usa
a corrente elétrica simplesmente para produzir calor não são
considerados receptores. Por exemplo, um fogareiro elétrico
ou uma lâmpada de incandescência não são receptores.

Chama-se
receptor a qualquer dispositivo que transforme energia
elétrica em um outro tipo qualquer de energia, contanto
que esse outro !ipo de energia não seja calor. |

Durante
certo tempo o receptor recebe, sob a forma de corrente elétrica,
certa energia W. Durante o mesmo tempo ele recebe a carga elétrica
Q dada por
. Para relacionarmos a energia que ele recebe com a
carga elétrica que ele recebe durante o mesmo tempo, definimos
uma grandeza característica do receptor , chamada força contra-eletromotriz.

Chama-se
fôrça contra-eletromotriz de um receptor ao quociente
da energia elétrica que ele absorve durante certo tempo
pela carga elétrica que ele recebe durante o mesmo tempo. |
Representa-se
a força contra-eletromotriz pela letra E (ou e), ou pelas iniciais
f.c.e.m.. Então, por definição,


De acordo
com a fórmula anterior, temos:
Sendo I
a intensidade da corrente, temos:
. Então:


A potência
absorvida pelo receptor será, por definição:
. Então:
ou:


A f.c.e.m.
sendo o quociente de uma energia por uma carga elétrica é uma
grandeza da mesma espécie que f.e.m. ou diferença de potencial.
Por causa disso, a unidade de f.c.e.m. é a mesma unidade de
f.e.m. e de diferença de potencial.

Chamamos
polo positivo do receptor ao ponto do receptor por onde
a corrente entra nele. E polo negativo ao ponto por
onde a corrente sai. (Observemos que essa nomenclatura
é invertida em relação à nomenclatura usada por geradores).
Representamos
um receptor também por dois traços paralelos de comprimentos
diferentes. Aqui consideramos que o traço maior represente
o polo positivo. Vemos que, no que diz respeito à corrente,
podemos pensar em um receptor como se fosse um gerador
ligado com os polos trocados.
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Convencionamos
que a energia elétrica fornecida a um circuito seja positiva,
e a energia elétrica absorvida por um circuito seja negativa.
Com essa convenção, a f.e.m. de um gerador, que é o quociente
de uma energia elétrica fornecida, por uma carga elétrica, é
positiva. E a f.c.e.m. de um receptor, que é o quociente de
uma energia elétrica absorvida, por uma carga elétrica, é negativa.
Em outras palavras, a f.c.e.m. pode ser considerada como uma
f.e.m. negativa.
No próximo
parágrafo demonstraremos que se em um trecho de um circuito
existir um gerador de força e1etromotriz
e um receptor de força contra-eletromotriz
, eles funcionam como se aí existisse um único gerador
de força e1etromotriz igual a
. Isto é, tudo se passa como se o receptor tivesse uma
força eletromotriz negativa igual a
, ligada em série com a força eletromotriz
, pois a resultante seria:
.
