
Após a abordagem
inicial realizada por Fresnel, um tratamento matemático mais
preciso do princípio de Huygens foi proposto por Kirchhoff,
da forma como segue. Vamos partir da segunda identidade de Green,
que é expressa como:

onde U e V são funções contínuas e integráveis
que obedecem a equação de ondas:


Note que o meio é
homogêneo, logo v não depende de r. As soluções
da equação de ondas são da forma:

que quando substituídas nas equações
e
resultam em:

Com isto notamos que o integrando do lado esquerdo da eq.
é nulo, isto é,

Assim,
A superfície fechada A envolve o volume de interesse, que podemos
tomar como sendo aquele da Fig. 9.4. Neste caso, podemos dividir a
integral em duas regiões, S1 e S2, tal
que:
.

Fig. 9.4 - Geometria
utilizada para o cálculo da integral de superfície
Queremos encontrar o valor da função U no ponto de observação
P e para isto tomaremos V(r,t) como sendo uma onda esférica
da forma
O gradiente em coordenadas esféricas é dado por:
de forma que a integral de superfície em S2 fica:

onde
,
que substituidos na eq.
resulta em:
Tomando o limite
obtemos
.
Logo,
como temos:

que nos leva à equação básica da teoria
da difração:

Esta expressão é chamada de teorema integral de
Kirchhoff. Ela relaciona o valor da função no ponto
de observação P com valores desta função
e sua derivada sobre a superfície S1 que envolve
o ponto P. Como tomamos
,
a Fig. 9.4 se modifica da maneira mostrada na Fig. 9.5. Particularizando
a eq.
para o caso em que U é também uma onda esférica
da forma:
o teorema integral de Kirchhoff pode ser escrito de forma
mais explícita como:
Fig. 9.5 - Geometria
usada no cálculo da integral Kirchhoff.


Nos fenômenos de difração r1 e r2
são geralmente grandes, de forma que podemos desprezar o segundo
termo. Assim obtemos:

Esta é a conhecida
fórmula de Fresnel-Kirchhoff. Vamos especializá-la
para o caso de difração por uma fenda de área
A, na geometria da Fig. 9.3, com S1 = S’+ A. Pode-se
mostrar que a integral sobre S’ é desprezível
e assim,
onde (
)
é chamado de fator de obliquidade. A fórmula de Fresnel-Kirchhoff
nada mais é do que a afirmação matemática
do princípio de Huygens. Para examinar melhor este ponto vamos
tomar uma abertura circular com a fonte S localizada no eixo de simetria
da abertura conforme mostra a Fig. 9.6. A superfície de integração
A é um pedaço de casca esférica de raio r1
e centro S de forma que
.
Logo:


Fig. 9.6 - Difração
em uma fenda circular.
onde
é a amplitude da onda primária incidente. A partir dela,
cada elemento dA da abertura gera uma onda esférica secundária
.
No princípio de Huygens não existe o fator de obliqüidade
nem a fase
introduzida no campo pela difração. Note que a difração
na direção da fonte é zero pois
e o fator de obliqüidade é nulo.
Sergio Carlos Zilio
|