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Os
campos magnéticos criados por correntes elétricas têm
numerosas aplicações. Veremos algumas importantes e
que utilizamos constantemente na vida diária.

De
modo geral, chama-se galvanômetros aos instrumentos
de medida que funcionam pela ação entre uma corrente
elétrica e um ímã permanente. São muito sensíveis,
e por isso são usados para a medida de correntes muito
pequenas. Há dois tipos:
1o) galvanômetro
de ímã móvel e bobina fixa;
2o) galvanômetro
de bobina móvel e ímã fixo.
Veremos
agora como funcionam os primeiros. Os segundos serão
vistos no capítulo seguinte.
Um
ímã permanente, NS, suspenso pelo centro de
gravidade, é colocado no interior de uma bobina.
Quando não passa corrente pela bobina, o ímã
fica com o eixo na direção do meridiano magnético
do lugar. Quando passa a corrente i, que desejamos
medir, ela cria um campo magnético. Os polos
do ímã ficam sujeitos a forças, e o ímã se desloca,
girando de um ângulo
(fig. 279).
Pode-se
demonstrar que esse ângulo é diretamente proporcional
à corrente i, isto é, que:

K é uma constante que depende do
instrumento e do lugar em que o galvanômetro
está sendo usado, pois o campo magnético da
Terra também exerce ação sobre o ímã. Para
um mesmo galvanômetro essa constante deve ser
determinada no lugar em que ele vai ser usado.
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Figura 279 |
Para
medirmos o ângulo
, em geral há um espelho E preso à suspensão
do ímã. O ângulo é então medido pelo método de Poggendorff
(de rotação de espelho).

É
um tipo particular de galvanômetro de ímã móvel.
Neste galvanômetro a bobina é chata, de espiras circulares
e é colocada com o plano dos círculos coincidindo
com o plano meridiano magnético do lugar (fig. 280). O ímã NS
é muito pequeno em relação à bobina e é colocado no
centro O dela. Quando não passa corrente pela bobina,
o ímã, suspenso pelo centro de gravidade, indica a
direção do campo magnético terrestre,
. Quando passa a corrente i, que desejamos
medir, ela produz um campo magnético
perpendicular ao plano das espiras (ver tópico
"Exemplo - Campo Criado no Centro de um Condutor
Circular"), e, portanto, horizontal. Se
a bobina tivesse uma só espira, o campo H valeria
(ver tópico "Exemplo
- Campo Criado no Centro de um Condutor Circular"):

Figura 280-a

Figura 280-b

Figura 280-c
Mas,
como tem n espiras, o campo é n vezes mais forte,
isto é,
de
onde:
Mas,

é
uma constante para um mesmo galvanômetro num mesmo
lugar da Terra. Chamando K a esse fator, temos:

isto
é, a intensidade da corrente é diretamente proporcional
à tangente do ângulo de que girou o ímã. Daí o nome,
galvanômetro das tangentes.

Os
eletroímãs são constituídos por uma barra de ferro,
ao redor da qual é enrolado um condutor. Quando passa
corrente pelocondutor, ela produz um campo magnético;
e a barra de ferro, ficando em um campo magnético, se
imanta. Podemos saber onde aparece o polo norte aplicando,
por exemplo, a regra do saca-rolhas.
O
uso de eletroímãs oferece várias vantagens:
1a) se
quisermos inverter os polos, basta invertermos o sentido
da corrente;
2a) é
somente a imantação por corrente elétrica que nos fornece
ímãs muito possantes;
3a) podemos
usar uma barra de ferro doce (ferro puro), que tem a
propriedade de só se imantar enquanto estiver passando
a corrente; e se neutraliza logo que a corrente é desligada.
Assim, temos um ímã que só funciona quando queremos.
(Nota: o aço, ao contrário, permanece imantado mesmo
quando cessa a causa da imantação).
Os
eletroímãs, em geral, não têm forma de barra, mas a
forma de U, indicada na figura acima. Em uma peça
n de ferro doce, se enrolam duas bobinas, B e
; os seus enrolamentos são postos em série e
de tal forma que a corrente que passe por elas produza
campo no mesmo sentido. Em geral, têm também uma peça
de ferro doce
que é atraída pelos polos quando o eletroímã
funciona. A peça n é chamada núcleo; a peça a é chamada
armadura.
Os
eletroímãs têm inúmeras aplicações, desde em instalações
delicadas, como telégrafos, telefones e campainhas,
até em grandes instalações industriais. Veremos, a
seguir, exemplos de utilização de eletroímãs.

O
disjuntor é um eletroímã que funciona como interruptor
de circuitos. É usado quando se quer proteger um dispositivo
qualquer M de correntes muito elevadas. Esse dispositivo
M é ligado em série com a bobina do eletroímã, de maneira
que a mesma corrente i que passa por M também passa
pela bobina (fig. 282). A armadura A do eletroímã
é sustentada pela mola m de tal maneira que para valores
admissíveis de i ela não se desloca para os polos.
Mas, para valores de i superiores a um valor prefixado,
a força de atração sobre a armadura vence a mola. Então,
a armadura desce, a haste AC gira ao redor do ponto
O, o ponto D se separa do ponto E, e o circuito se abre.
A corrente deixa de circular, e o dispositivo M fica
assim protegido de uma corrente alta.

Figura 282

O
relé é um dispositivo que serve para abrir ou
fechar um circuito. Sua parte fundamental é um
eletroímã, constituído por uma bobina B, armadura
A e núcleo de ferro N (desenhado
em preto na fig. 283). A bobina é alimentada
por uma corrente i. Uma peça metálica CDE é ligada
com a armadura, e se desloca juntamente com ela;
a parte DE dessa peça é flexível, para facilitar
seus deslocamentos. Uma outra peça metálica FG
é fixa. A finalidade do relé é estabelecer ligação
entre os pontos G e E, através da parte metálica
GFCDE, para fechar o circuito da corrente I, ou,
ao contrário, desfazer a ligação entre esses dois
pontos, para abrir esse circuito. |

Figura 283-a |
Para
manter aberto o circuito da corrente I devemos retirar
a corrente i da bobina; então a bobina deixa de funcionar,
e a mola M mantém a armadura na posição indicada na
figura; os pontos C e F ficam afastados, e não há ligação
entre G e E. Se quisermos fechar o circuito da corrente
I, devemos fazer passar a corrente i pela bobina; então
a bobina atrai a armadura, que gira ao redor do ponto
D, os pontos C e F se unem, e se estabelece ligação
entre os pontos G e E.

Figura 283-b
Um
relé é, portanto, um interruptor controlado eletricamente.
A figura b mostra a posição de um relé num circuito;
sua finalidade é abrir ou fechar o circuito formado
pelo gerador g e as resistências
e
. A bobina do relé é alimentada por um gerador
g , que está em série com a chave K . Fechando-se
a chave K, o relé funciona; abrindo-se esta chave, ele
deixa de funcionar.
Entre
as vantagens do uso de relés, podemos citar as seguintes:
1a) a
corrente i que o relé utiliza para funcionar é independente
da corrente I que ele controla. Desse modo, com uma
pequena corrente i podemos controlar uma grande corrente
I;
2a) a
corrente i pode ser fornecida por válvulas eletrônicas;
com essas válvulas, a corrente pode ser controlada muito
rapidamente, em tempos da ordem de milionésimos de segundo;
3a) o
relê pode controlar uma corrente I em um aparelho qualquer
colocado muito afastado.

Consta
de um eletroímã E, cuja armadura A tem uma extremidade
presa a uma mola de aço flexível B e a outra extremidade
a uma haste C que mantém na ponta uma esfera
D. A mola B obriga a armadura a ficar em contato com
uma placa metálica F . A corrente é fornecida por uma
pilha P , ou pelo circuito que serve à uma
residência (fig. 284). Quando se fecha a chave S a corrente segue
o seguinte caminho: eletroímã, mola B ,
armadura A, placa F chave S e volta à pilha. Mas, logo
que a corrente passa, acontece o seguinte:
1o) o
eletroímã atrai a armadura; esta leva consigo a haste
C, e a esfera D bate no tímpano T ;
2o) quando
a armadura é atraída, ela se afasta da placa F e o circuito
se abre;
3o) com
o circuito aberto, cessa a atração sobre a armadura,
e a mola B leva novamente a armadura em contato com
F ;
4o) então
o circuito se fecha, e tudo se repete. Assim, enquanto
a chave S permanecer fechada, a esfera D
alternadamente bate no tímpano e recua. Essa chave
S é o que vulgarmente chamamos o “botão” da campainha;
quando apertamos o botão, estamos fechando o circuito.

Figura 284

O
princípio de funcionamento é o seguinte: são colocados
em série um gerador G, um eletroímã E e um interruptor
C. Esse interruptor tem uma mola M que mantém o circuito
aberto. Para fecharmos o circuito precisamos apertar
o “botão” B do interruptor. Quando um operador fecha
o circuito em C, o eletroímã atrai a sua armadura A.
Então a haste AD gira ao redor do ponto
O, e um estilete, colocado em D, encosta em uma fita
de papel que se desenrola de um cilindro P
. Esse estilete fica encostado no papel durante todo
o tempo em que o interruptor C permanecer fechado.
Assim, se se fechar o interruptor por um instante, aparecerá
na fita de papel um ponto. Se se fechar C por algum
tempo aparecerá na fita um traço. Como se sabe, em
telegrafia as letras do alfabeto são representadas por
combinações de traços e pontos. Assim, um observador,
atuando no interruptor C pode mandar uma mensagem a
outro que receba junto ao eletroímã, colocado à distância
muito grande.

Figura 285
Nas
instalações telegráficas, em vez de se usarem dois fios
para a condução da corrente, uma para ida e outro para
volta, usa-se um só, o outro fio é substituído pela terra.
Como esta é condutora, transporta corrente de uma estação
à outra, bastando para isso ligar as extremidades do circuito
à terra, como indica a figura 285.

O
fone (a parte do telefone por onde ouvimos) também é
um eletroímã, cuja armadura A é uma lâmina muito delgada (fig. 286).
A corrente i chega ao eletroímã vinda do microfone de
um outro telefone, no qual há outra pessoa falando.
Essa corrente é variável; ela acompanha as variações
da voz da pessoa que está falando no outro telefone.
À medida que a corrente varia, a atração do eletroímã
sobre a armadura A também varia, e a armadura vibra.
Essas vibrações produzem som, que é uma reprodução do
som que, no outro telefone, faz variar a corrente i.

Figura 286
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