
Vimos que
um gerador recebe um determinado tipo de energia e a transforma
em energia elétrica. Há dispositivos que fazem o inverso: recebem
corrente elétrica e a transformam num outro tipo de energia.
Esses dispositivos são chamados receptores.
Vimos no
tópico "Efeitos
Principais na Corrente Elétrica" que um dos efeitos da corrente
elétrica é produzir calor. Como a produção de calor coexiste
sempre com a corrente elétrica, os dispositivos em que se usa
a corrente elétrica simplesmente para produzir calor não são
considerados receptores. Por exemplo, um fogareiro elétrico
ou uma lâmpada de incandescência não são receptores.

Chama-se
receptor a qualquer dispositivo que transforme energia
elétrica em um outro tipo qualquer de energia, contanto
que esse outro !ipo de energia não seja calor. |

Durante
certo tempo o receptor recebe, sob a forma de corrente elétrica,
certa energia W. Durante o mesmo tempo ele recebe a carga elétrica
Q dada por
. Para relacionarmos a energia que ele recebe com a
carga elétrica que ele recebe durante o mesmo tempo, definimos
uma grandeza característica do receptor , chamada força contra-eletromotriz.

Chama-se
fôrça contra-eletromotriz de um receptor ao quociente
da energia elétrica que ele absorve durante certo tempo
pela carga elétrica que ele recebe durante o mesmo tempo. |
Representa-se
a força contra-eletromotriz pela letra E (ou e), ou pelas iniciais
f.c.e.m.. Então, por definição,


De acordo
com a fórmula anterior, temos:
Sendo I
a intensidade da corrente, temos:
. Então:


A potência
absorvida pelo receptor será, por definição:
. Então:
ou:


A f.c.e.m.
sendo o quociente de uma energia por uma carga elétrica é uma
grandeza da mesma espécie que f.e.m. ou diferença de potencial.
Por causa disso, a unidade de f.c.e.m. é a mesma unidade de
f.e.m. e de diferença de potencial.

Chamamos
polo positivo do receptor ao ponto do receptor por onde
a corrente entra nele. E polo negativo ao ponto por
onde a corrente sai. (Observemos que essa nomenclatura
é invertida em relação à nomenclatura usada por geradores).
Representamos
um receptor também por dois traços paralelos de comprimentos
diferentes. Aqui consideramos que o traço maior represente
o polo positivo. Vemos que, no que diz respeito à corrente,
podemos pensar em um receptor como se fosse um gerador
ligado com os polos trocados (fig. 172).
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Figura 172 |

Convencionamos
que a energia elétrica fornecida a um circuito seja positiva,
e a energia elétrica absorvida por um circuito seja negativa.
Com essa convenção, a f.e.m. de um gerador, que é o quociente
de uma energia elétrica fornecida, por uma carga elétrica, é
positiva. E a f.c.e.m. de um receptor, que é o quociente de
uma energia elétrica absorvida, por uma carga elétrica, é negativa.
Em outras palavras, a f.c.e.m. pode ser considerada como uma
f.e.m. negativa.
No próximo
parágrafo demonstraremos que se em um trecho de um circuito
existir um gerador de força e1etromotriz
e um receptor de força contra-eletromotriz
, eles funcionam como se aí existisse um único gerador
de força e1etromotriz igual a
. Isto é, tudo se passa como se o receptor tivesse uma
força eletromotriz negativa igual a
, ligada em série com a força eletromotriz
, pois a resultante seria:
(fig. 173).

Figura 173