Hoje sabemos que todos os corpos se eletrizam, sendo que uns com
mais facilidade que outros. Mas se não tivermos cuidado,
em certas condições pode-nos parecer que certas substâncias
não se eletrizam, o que é errado. O leitor pode fazer
a seguinte experiência: atrite um bastão de vidro numa
região BC. Verá que nessa região o vidro atrairá
corpos leves, como pedaços de papel ou de cortiça.
Isso indica que o vidro ficou eletrizado nessa região (fig. 13). Depois
atrite um bastão de metal numa região BC, e aproxime-o
dos mesmos corpos leves. Se ele for seguro diretamente com
as mãos, não atrairá nenhum corpo leve. Mas
se for seguro através de um cabo de vidro, por exemplo, atrairá.
À primeira vista ficamos com a impressão de que o
metal se eletriza quando tem um cabo de vidro, e não se eletriza
quando não tem. Mas, na realidade o metal se eletriza sempre,
e os fatos mencionados se explicam do seguinte modo: o vidro, quando
eletrizado na região BC isola a eletricidade desenvolvida
nessa região, e é por isso que consegue atrair corpos
leves. O metal quando eletrizado em BC, não isola a eletricidade
nessa região, mas conduz a eletricidade através do
seu interior; quando está seguro com as mãos, a eletricidade
chega ao corpo do experimentador e se escoa para a terra. Quando
o metal tem cabo de vidro, esse cabo não permite o
escoamento da eletricidade, que fica então localizada no
metal.

Figura 13
As substâncias que isolam a eletricidade no lugar em que ela
aparece como o vidro, são chamadas isolantes,
ou dielétricos. Os que se comportam como
os metais, isto é, que conduzem a eletricidade, são
chamados condutores.
Os condutores mais comuns são: os metais, o carbono, as soluções
aquosas de ácidos, bases e sais, os gases rarefeitos, os
corpos dos animais, e, em geral, todos os corpos úmidos.
Os isolantes mais comuns são: vidro, louça, porcelana,
borracha, ebonite, madeira seca, baquelite, algodão, seda,
lã, parafina, enxofre, resinas, água pura, ar seco,
etc.. Modernamente estão tomando importância cada vez
maior como isolantes certas substâncias plásticas fabricadas
sinteticamente.
Vimos acima que quando o observador segura com as mãos o
bastão de metal, a eletricidade desenvolvida no metal passa
pelo corpo do observador e se escoa para a terra. E claro que isso
só é possível porque o corpo humano (e de todos
os animais) é condutor e a terra também é condutora.
Todas as vezes que um corpo eletrizado é colocado em contato
com aTerra, a eletricidade do corpo passa para a terra. No Capítulo
V demonstraremos que isso acontece não só porque
a terra contém substâncias condutoras, mas principalmente
porque seu volume é muito maior que o volume dos corpos que
ficam em contato com ela. Como veremos mais adiante, fazemos numerosíssimas
aplicações práticas dessas duas propriedades
que a terra tem: de ser condutora, e de "roubar" a eletricidade
dos corpos eletrizados com que entra em contato.
A temperatura e a umidade influem muito na "qualidade"
de um isolante e de um condutor. De modo geral, os isolantes úmidos
são maus isolantes, porque passam a conduzir um pouco a eletricidade.
À temperatura elevada os isolantes são também
maus isolantes: o vidro, por exemplo, que à temperatura ambiente
é ótimo isolante, quando aquecido até ficar
pastoso se torna muito bom condutor. Nos condutores, a temperatura
em geral tem ação inversa: eles são melhores
condutores a baixas temperaturas. A umidade age sempre no mesmo
sentido, quer nos condutores, quer nos isolantes: melhora a condução.
De modo geral, os bons condutores de eletricidade também
são bons condutores de calor, e os isolantes elétricos
também são isolantes térmicos.