A energia das águas

 
A única dificuldade residia, ainda, nas variações - por vezes muito grandes - de suas vazões e velocidades, mas foi possível, mediante a construção de barragens, regularizá-las, isto é, armazenar a água em grandes volumes, o que corresponde ao armazenamento de energia potencial, utilizando-a nas vazões e nos momentos em que se torne necessária.
 
Muito antes de conseguir utilizar a energia calorífica, porém, o homem, cansado de tentar domar os ventos, experimentou a utilização e o controle da energia das águas. Como estas tem um caminho certo e mais ou menos invariável, era mais fácil seu uso constante.

   

Barragens para represamento de água e seu uso na movimentação de rodas que acionam moinhos datam da Idade Média. Pelo que se sabe através de documentos do geógrafo Estrabão (século I a.C.), os moinhos movidos pela força das água já existiam, pelo menos, nos anos 60 a.C. . Porém a primeira notícia de barragens com a finalidade de regularizar as vazões para uma série de moinhos industriais refere-se a instalações construídas no século XII, no Rio Garonne, sul da França.
Moenda hidráulica (acima) usava-se a força de uma cachoeira para mover a roda de madeira que, por sua vez, acionava os cilindros onde a cana era esmagada  
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As rodas d'água ainda hoje existem nos engenhos de pequenos sítios por todo nosso país e desempenharam importante papel, nos séculos passados, em relação a todos os processos de produção de farinha e de açúcar.

Ao girar, pela força da água, movimentam mós de pedra, conjuntos de martelos-pilões, para socar o milho ou a mandioca, ou ainda pesados cilindros de ferro para esmagar a cana, extraindo o precioso caldo açucarado com que são fabricados o melado, a rapadura, o açúcar, a aguardente e o álcool. Essas instalações quase não diferem das que eram usadas, durante a Idade Média, nos países da Europa.


O carro de boi era praticamente o único veículo utilizado pela agroindústria açucareira. Acima, transporte da cana para a casa da moenda de um engenho.