|

Quando
se viaja de São Paulo ao Rio de Janeiro em 5 horas, dizemos que a
velocidade média foi de aproximadamente 80km/h (a distância entre
as cidades é de aproximadamente 400km). A velocidade instantânea passa
por diferentes valores, desde zero até velocidades maiores que 80km/h.
Hoje em dia, com a implantação de uma fiscalização mais acirrada do
trânsito, dentro do perímetro urbano, você certamente já viu placas
indicando a velocidade máxima permitida em cada trecho de grandes
avenidas. É a velocidade máxima e não a velocidade média, cuidado!
Então,
qual a diferença entre velocidade média, instantânea e máxima?
Como os próprios nomes indicam, a velocidade instantânea é aquela
indicada a cada instante no velocímetro do carro; a velocidade máxima
corresponde à maior marcação e a média é um valor intermediário entre
zero (que é a mínima) e a máxima. O veículo parte do repouso, a sua
velocidade instantânea vai aumentando gradativamente, conforme você
acelera, e vai diminuindo, conforme você tira o pé do acelerador ou
freia. Em cada intervalo de tempo, existe um valor mínimo e um valor
máximo da velocidade. Se a velocidade variar linearmente com o tempo,
isto é, se o gráfico da velocidade em função do tempo for uma reta,
a velocidade média é a média da velocidade mínima com a máxima em
cada intervalo de tempo escolhido. A velocidade média do intervalo
é a velocidade instantânea do instante intermediário. Somente no caso
de a velocidade ser uma função linear do tempo, a velocidade média
do intervalo coincide com a velocidade instantânea do instante intermediário.
Se não for linear, sempre é possível escolher um intervalo tão pequeno
de tal forma que, nesse intervalinho, pode-se dizer que a variação
é praticamente linear. Assim, podemos obter a velocidade média e associá-la
à velocidade instantânea no instante intermediário desse intervalinho.
Dado
um sistema de referência, o movimento é chamado retilíneo uniformemente
variado (MRUV) quando a trajetória é uma reta e a velocidade varia
linearmente com o tempo, isto é, a aceleração é constante.
A
representação de um movimento pode ser feita através de fórmulas ou
através de gráficos. Os gráficos, embora não sejam muito comuns, mostram
claramente tendências. Em anos eleitorais vemos com freqüência gráficos,
mostrando a variação da preferência do povo por um ou por outro candidato
em função do tempo. Seria possível mostrar essa mesma variação através
de fórmulas! Uma equação, até complicada, pode representar qualquer
curva, de uma forma aproximada. Vamos ver os gráficos abaixo , começando
do gráfico da velocidade em função do tempo. Vamos supor que a velocidade
do veículo varie de zero até a velocidade máxima, linearmente, isto
é, a função é uma reta, que passa pelo zero.


A
aceleração é constante e igual a
.
Entre os instantes 0 e t1, a = v1/ t1,
já que, para t = 0, vo= 0.
Num movimento uniformemente variado, v = a.t quando a velocidade inicial
é nula.
Quando a velocidade aumenta de zero até v1, durante o intervalo
de tempo de zero até t1, vamos ver qual é o espaço percorrido
medido a partir do ponto onde o móvel está em repouso inicialmente.
A velocidade média entre os instantes 0 e t1 é v1/2
e o espaço percorrido é a velocidade média vezes o intervalo de tempo.
Portanto: s1= (v1/2)t1. Agora veja:
v1.t1/2 é a área do triângulo indicado na figura.
O espaço percorrido é a área sob a curva que dá a variação da velocidade
em função do tempo. Vocês vão estudar em matemática que isso representa
a integral
da função velocidade.
Mas note que:
que
é a fórmula usada para espaço percorrido por um móvel em MRUA em função
do tempo.
O gráfico correspondente aos espaços em função do tempo está mostrado
abaixo.

Quando a velocidade não varia linearmente com o tempo, o espaço pode
ser calculado por somas sucessivas de áreas, só tendo o cuidado de
escolher convenientemente os intervalos de tempo. Devem ser bem pequenos
de modo que as aproximações feitas não resultem em erros muito grandes.
Propomos, na parte experimental, o estudo de um movimento retilíneo
uniformemente variado partindo de medições de espaços percorridos
em função do tempo. Uma vez obtidos os dados dos espaços em função
do tempo, vamos obter as velocidades correspondentes e as acelerações
em função do tempo.
Como exemplo de procedimento de análise, veja o exemplo abaixo. Suponha
um veículo que parte do repouso em t = 0 e percorre uma pista retilínea.
Foram medidos os instantes correspondentes à passagem desse veículo
por marcos previamente fixados ao lado da pista. Os dados obtidos
estão na Tabela 1 e no Gráfico 1.
Tabela
1 - Espaços em MRUV |
Gráfico
1: s x t |
s(m) |
t(s) |
100 |
10,31 |
200 |
14,84 |
300 |
18,18 |
500 |
23,35 |
700 |
27,76 |
900 |
31,23 |
|
|
Note
que foi traçada uma curva média pelos pontos. NÃO LIGUE OS PONTOS
OBTIDOS COM SEGMENTOS DE RETA. TRACE A CURVA MÉDIA.
Em
cada intervalo de tempo
,
calcula-se o incremento
do espaço para obter a velocidade média nesse intervalo
.
Esta velocidade é a velocidade instantânea no instante intermediário
do intervalo considerado. Veja no Gráfico 2 e na Tabela 2 os
valores correspondentes das velocidades. Escolhemos o intervalo de
tempo
= 5s. Observe especialmente os intervalos de tempo escolhidos no Gráfico
1 e no Gráfico 2. Calcule e confira com os valores indicados!
Tabela
2- Velocidades |
Gráfico
2: v x t |
s(m) |
t(s) |
v(m/s) |
0
a 5 |
27 |
5,4 |
5
a 10 |
95-27=68 |
13,6 |
10
a 15 |
207-95=112 |
22,4 |
15
a 20 |
357-207=150 |
30,0 |
20
a 25 |
567-357=210 |
42,0 |
25
a 30 |
825-567=258 |
51,6 |
|
|
Novamente
traçamos uma curva média pelos pontos. Como mostram os dados,
a curva é nada mais que uma reta. Note como a reta é traçada.
Não devemos desprezar pontos sem critério mas, levando em consideração
as precisões das medições, não podemos ligar simplesmente os
pontos em ziguezague. |
|
Da
mesma forma, podemos calcular as acelerações correspondentes às velocidades
em diferentes intervalos de tempo e, assim, obter o gráfico da aceleração
em função do tempo.

Agora vocês já têm as informações necessárias para realizar a experiência
proposta!

Marques
e Ueta
|
|