
             
  
              
              Para compreendermos bem as oscilações elétricas, recordemos o seguinte: 
              quando uma bobina é percorrida por uma corrente i  variável, 
              ela sofre auto-indução.  Se a corrente i  está diminuindo, a corrente 
              de auto-indução i'  tem mesmo sentido que ela.  Se a corrente i 
               está aumentando, a corrente de auto-indução i'  tem sentido oposto.
             Suponhamos agora um condensador e 
              uma bobina ligados em série por uma chave S (figura abaixo).  Imaginemos 
              que o condensador esteja carregado (o processo usado para carregá-lo 
              não nos interessa no momento).  O condensador carregado tem uma 
              das armaduras, por exemplo a, com carga positiva +Q e potencial 
              V1; a outra armadura, b, com carga negativa -Q e potencial 
              V2.  A diferença de potencial entre as armaduras é então 
              V1-V2. 
             (
( 
              
              
             
            Imaginemos que fechamos a chave S.  
              A extremidade A da bobina fica ligada à armadura de potencial V1, 
              e, portanto, fica a êsse potencial V1.  A extremidade 
              B fica ligada à armadura de potencial V2, e fica a êsse 
              potencial V2 (fig. b).  Então, entre os extremos 
              da bobina fica aplicada a mesma diferença de potencial V1-V2 
              que há entre as armaduras do condensador.  Ora, havendo diferença 
              de potencial entre os extremos da bobina, ela é percorrida por uma 
              corrente i.  Já vimos anteriormente, várias vezes, que convencionamos 
              que a corrente se desloque do potencial positivo para o negativo.  
              Mas, na realidade essa corrente i é constituída por elétrons que 
              se deslocam do potencial negativo para o positivo, isto é, que saem 
              da armadura negativa do condensador e vão para a armadura positiva 
              (fig. b).  Em outras palavras, o condensador desempenha o papel 
              de um gerador que fornece à bobina a corrente i.               
              
            
               
                | O 
                    que aconteceria se não houvesse auto-indução  –  Como 
                    o circuito inicialmente estava aberto, no instante em que 
                    fechamos a chave S a corrente é nula.  Se não houvesse auto-indução, 
                    essa corrente aumentaria até atingir um máximo e depois diminuiria, 
                    até se anular novamente, como indica a figura ao lado.  
                    Isso porque essa corrente é constituída por elétrons, que 
                    saem da armadura negativa b, e chegam à armadura positiva.  
                    Então a carga -Q da armadura negativa passaria para a armadura 
                    positiva, e neutralizaria a carga +Q nela existente.  O condensador 
                    ficaria então descarregado, a corrente i se anularia, isto 
                    é, deixaria de existir, e o fenômeno terminaria aí .  |  | 
            
            O que acontece por causa da auto-indução  –  Mas, 
              como há auto-indução na bobina, o que acontece é o seguinte.  Enquanto 
              a corrente vai aumentando desde zero até o máximo, há uma pequena 
              corrente de auto-indução i’ que se opõe a ela.  Mas, quando ela 
              vai diminuindo, tendendo a anular-se, aparece uma forte corrente 
              de auto-indução i’ no mesmo sentido que ela, como indica a fig. d.  
              Como consequência, depois que a corrente se anula, o fenômeno não 
              pára, mas, a corrente de auto-indução, i’, continua, fazendo que 
              passe pela bobina uma corrente em sentido oposto ao sentido da corrente 
              inicial.  Na figura acima representamos a corrente que realmente 
              passa pela bobina, isto é, a soma algébrica da corrente i’ de auto-indução, 
              com a corrente i  que existiria se não houvesse auto-indução. 
                            A corrente i’ também é 
              constituída por elétrons que são extraídos da armadura negativa 
              e são levados para a armadura positiva.  Vemos então que da armadura 
              negativa, b, são extraídos mais elétrons do que seriam extraídos 
              se não houvesse auto-indução.  Isso significa que à armadura a vão 
              chegar mais elétrons do que os necessários para neutralizá-la.  
              A consequência é que essa armadura, que era positiva, torna-se negativa.  
              E a armadura b, que era negativa, perdeu mais elétrons que os necessários 
              para se neutralizar, e se torna positiva (figura e acima).  
              Os sinais das cargas das armaduras agora se inverteram.
                           Pode-se demonstrar que, 
              se a resistência elétrica da bobina é desprezível, o potencial da 
              armadura b se torna agora exatamente V1; e o da armadura 
              a se torna exatamente V2.  Isto é, os potenciais das 
              armaduras se trocam: a diferença de potencial entre as armaduras 
              é a mesma, V1-V2, que havia no início, mas, 
              agora em sentido oposto.  Agora é a extremidade B da bobina que 
              tem potencial V1, e A, o potencial V2.  Então 
              a bobina é percorrida novamente pela corrente i, mas, em sentido 
              oposto ao que passou na outra vez (fig. e).  Essa corrente 
              produz auto-indução na bobina, e o fenômeno se repete.               
              
            O condensador se comporta como um gerador, 
              que fornece à bobina a corrente i.  Mas, quando êle tende a se descarregar, 
              a bobina, pela auto-indução, provoca o aparecimento da corrente 
              em sentido oposto, e novamente carrega o condensador, mas, com cargas 
              opostas às iniciais.
                           Vemos que, num circuito 
              como êsse indicado, a corrente elétrica fica circulando ora num 
              sentido, ora noutro, devido ao fenômeno de auto-indução.  A êsse 
              fenômeno chamamos oscilação elétrica, ou descarga oscilatória, 
              ou descarga oscilante.  O circuito indicado é chamado circuito 
              oscilante, ou oscilador.  Tem aplicações muito importantes 
              na técnica moderna, como por exemplo, em rádio, televisão, radar, 
              etc..               
            
               
                |  |     
 Para se carregar inicialmente o condensador, pode-se usar 
                    o processo indicado na figura abaixo.  Ligando-se a chave 
                    S para a posição P, o condensador fica ligado ao gerador, 
                    e se carrega.  Depois se liga a chave para a posição M, e 
                    ela fecha o circuito oscilante.
 |