e-física - Ensino de Física On-line
 

[] Informação Quântica [L. Davidovich

Informação Quântica
Luiz Davidovich

Instituto de Física, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ

 

Em 1952, Erwin Schrödinger, um dos fundadores da mecânica quântica, declarava, em artigo publicado no British Journal of the Philosophy of Sciences, que “... Nunca realizamos experiências com apenas um elétron ou átomo ou uma pequena molécula. Em experiências pensadas supomos algumas vezes que isso é possível; invariavelmente, isso leva a conseqüências ridículas. {...} Pode-se dizer que não realizamos experiências com partículas únicas, mais do que poderíamos criar Ictiossauros no jardim zoológico.”

Cinquenta anos após essa previsão, essas partículas são isoladas em vários laboratórios do mundo, inclusive no Brasil. A exploração das propriedades desse microuniverso, regido pelas leis da física quântica, poderá levar ao desenvolvimento de novas tecnologias, com um impacto considerável na computação e nas telecomunicações.

Na última década, foram desenvolvidas, em diversos laboratórios, técnicas que permitem a manipulação individual de átomos, moléculas e fótons (figura 1). Por exemplo, através de campos eletromagnéticos, é possível aprisionar e manipular um único átomo e fazê-lo interagir com um outro, também aprisionado, ou ainda com um único fóton, armazenado em uma ’armadilha’ formada por espelhos de alta reflexão.


Figura 1. Íons presos por campos magnéticos poderão ser usados no desenvolvimento da computação quântica.  [Foto de Rainer Blatt/Universidade de Innsbruck (Áustria)]

Para quem está acostumado a observar os fenômenos naturais que se revelam no dia-a-dia, o diminuto universo das dimensões atômicas ou moleculares, regido pela chamada teoria quântica, pode parecer, no mínimo, estranho. Nele, entidades quânticas, como um elétron, podem ora se comportar como ondas, ora como corpúsculos, dependendo de como são observadas.

De fato, ao lidar com o mundo quântico, precisamos modificar radicalmente nossas idéias sobre a natureza da informação.

No mundo clássico, a informação pode ser “discretizada”: a unidade elementar de informação é o bit, que tem apenas dois estados, 0 e 1 (falso ou verdadeiro, não ou sim, etc.). Qualquer texto pode ser codificado por uma seqüência de bits. Bits podem ser armazenados fisicamente (por exemplo, através da carga de um capacitor, o 1 correspondendo ao capacitor carregado e o 0 ao descarregado), e são estados macroscópicos robustos e estáveis, que praticamente não são alterados quando medidos (ou “lidos”). Além disso, podem ser replicados sem problema. Por exemplo, podemos em princípio digitalizar uma pintura com precisão tão grande quanto queiramos (desde que tenhamos os recursos adequados).

Mais informaes

 
©2008 - Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada. Todos os direitos reservados.