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A Conquista do Espaço: Desafios e Oportunidades [L.C.M. Miranda]
A Conquista do Espaço:
Desafios e Oportunidades
Luiz Carlos Moura Miranda
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
São José dos Campos, SP
Para uma melhor compreensão dos desafios
e das oportunidades que nos são abertas pela Pesquisa Espacial, comecemos por
responder o que ocorre quando nos elevamos da superfÃcie terrestre, conforme
mostrado esquematicamente na Figura 1 abaixo. Se nos elevarmos a uma altitude de
5 km conseguiremos “enxergar” uma região de aproximadamente 20 por 20
quilômetros. Esta é a situação tÃpica do aerolevantamento utilizado para o
mapeamento de pequenas regiões, tais como cidades e municÃpios. Subindo um pouco
mais, até uns 700 km de altitude, conseguiremos “varrer” faixas territoriais de
aproximadamente 1.000 km. Este é o caso dos satélites de sensoriamento remoto,
capazes de, num espaço de tempo de três semanas, mapear o globo terrestre como
um todo. Finalmente, se atingirmos uma altitude de 30.000 a 40.000 km,
conseguiremos “enxergar” o planeta como um todo. Este é o caso dos satélites de
telecomunicações e meteorológicos.

Estas
observações nos dão uma clara visão do que o uso de meios orbitais nos permite
realizar. Centrando um pouco mais nossas considerações no caso de um satélite
orbitando a uma altitude de, digamos, 700 km, o primeiro aspecto a se considerar
é o da definição da “missão” deste satélite, ou seja, o que desejamos realizar
com esta plataforma orbital. Basicamente, existem duas possibilidades. Uma delas
é instrumentalizarmos o satélite com imageadores e outros sensores voltados para
a observação da Terra. Esta é basicamente uma missão dedicada ao conhecimento do
nosso meio ambiente. É o que chamamos de sensoriamento remoto. A outra
possibilidade é instrumentalizarmos o satélite com equipamentos voltados Ã
observação de fenômenos astrofÃsicos e astronômicos no espaço exterior. Neste
caso, a “missão” do satélite é eminentemente cientÃfica. Em ambos os casos, no
entanto, o objetivo das duas missões é promover o avanço do conhecimento, quer
do Universo quer do nosso meio ambiente.
O entendimento da vida em
nosso planeta foi sempre o desafio maior que o Homem colocou para si. Foi
precisamente a partir da tentativa de responder a esta questão fundamental que a
ciência, a religião e os mitos floresceram. Do ponto de vista da ciência, com
base nos conhecimentos de que dispomos hoje em suas diferentes disciplinas, a
resposta a esta indagação pode ser vista sob diferentes aspectos. Do ponto de
vista da Biologia, a busca da resposta a este desafio tem sido focada,
primordialmente, no estudo das inter-relações entre os seres vivos e nosso meio
ambiente, ao passo que, do ponto de vista da QuÃmica, o foco tem-se concentrado
no estudo das transformações de nosso meio ambiente pela ação antropogênica (antrópica)
do Homem. Nessas duas vertentes da Ciência, bem como em qualquer outra que
utilizemos para entender a vida na Terra, é mandatório que se leve em
consideração, nos diferentes estudos, a influência de certas variáveis fÃsicas
que, em última análise, regulam e determinam as condições de sustentabilidade da
Vida, tais como temperatura, pressão, umidade e luminosidade ambientes, bem como
a sazonalidade desses parâmetros. A compreensão e a descrição dos mecanismos que
controlam esses parâmetros de sustentabilidade da Vida, e suas relações com a
intervenção humana, bem como o desenvolvimento de técnicas de medidas e
monitoramento dos mesmos, colocam a FÃsica como uma disciplina central na
tentativa de se entender a vida em nosso planeta. Ou seja, não disporemos de
meios adequados para a compreensão da Vida em nosso planeta se não tivermos um
forte entendimento dos mecanismos fÃsicos que controlam e viabilizam a
sustentabilidade da Vida, bem como se não dispusermos dos meios para quantificar
e monitorar esses parâmetros. Nesse sentido, satélites artificiais e as chamadas
plataformas orbitais desempenham hoje um papel central, uma vez que estes são os
únicos meios de que dispomos para monitorar e quantificar de forma global o
nosso planeta
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