|
[]
Perspectivas na Área de Astronomia [J. Lépine]
Perspectivas na Área de Astronomia
Jacques Lépine[1]
Instituto de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
A
Astronomia foi o grande motor da Física nos séculos passados, até o
presente. Lembremos que as leis da mecânica clássica de Newton não
nasceram de experimentos em laboratório, mas tinham por objetivo
explicar as leis de Kepler, que descreviam as órbitas dos planetas. No
caso da relatividade de Einstein, os primeiros testes da nova teoria
foram a precessão da órbita de Mercúrio e o desvio da luz de estrelas ao
passar muito próximo ao Sol. A mecânica quântica ganhou muito com o
estudo das linhas espectrais de estrelas e nebulosas. O estudo dos raios
cósmicos impulsionou a física de partículas elementares. Um dos maiores
objetivos da física, durante décadas, não foi dominar a fusão nuclear
para a produção de energia? Nós sabemos em que condições a fusão se
produz, porque ela acontece no interior das estrelas. Para alcançar seu
controle nos futuros reatores de fusão, era necessário desenvolver a
física de plasmas. E, novamente, um dos melhores laboratórios de plasmas
é o Sol. Ao tentarmos descobrir como funcionam as explosões solares,
como elas conseguem acelerar partículas até altas energias, estamos
desenvolvendo esta área da física. Recentemente, o mistério dos
neutrinos solares, que consistia na detecção, na Terra, de um fluxo de
neutrinos inferior ao previsto pela teoria das reações nucleares no
interior do Sol, foi resolvido de maneira satisfatória. Isto nos
confirmou que existiam três tipos de neutrinos, e que estas partículas
tem a capacidade de passar de um tipo para outro. Os tópicos que estão
na fronteira da física, como energia do vácuo, a existência de
determinadas partículas elementares, a massa dos neutrinos, estão
diretamente relacionados com modelos cosmológicos.
Ao
analisar as perspectivas da Astronomia, neste início do século XXI,
parece-nos claro que este papel de propulsor do desenvolvimento da
física deve se perpetuar. Uma forma segura de visualizar os rumos da
Astronomia do futuro é observar os investimentos previstos, em nível
mundial. É evidente que grandes investimentos são uma mostra do vigor de
um campo da ciência, e uma mostra de que há uma avaliação geral positiva
dos resultados esperados. Além do panorama da instrumentação em nível
mundial, discutiremos brevemente alguns dos resultados científicos
esperados nesta próxima década, e analisaremos também brevemente as
perspectivas da astronomia brasileira, e até mesmo as perspectivas na
USP, já que este artigo se insere dentro das comemorações do aniversário
do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
Mais informaes
[1] Diretor
do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da
Universidade de São Paulo.
|
|