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Alguns Aspectos da Nanoeletrônica Molecular [A. Fazzio]
Alguns Aspectos da Nanoeletrônica Molecular
A. Fazzio
Instituto de FÃsica, Universidade de São
Paulo, São Paulo, SP
“Transistor for all — Anyone who wants a junction transistor now can buy it. The
arrival of this revolutionary substitute for the vacuum tube on the general
commercial market was announced last month
The competitive rush to market it has now begun. One
distributor quoted a price of $ 30 for a transistor”
Scientific American
June-1952
Transistor
Dentre as
invenções ocorridas no século XX, não há dúvidas de que a protagonizada por
Bardeen, Brattain e Schockley, em 1948, foi a que mais influenciou a nossa
maneira de viver: a invenção do transistor [1]. Esse trabalho, que lhes conferiu
posteriormente o prêmio Nobel de FÃsica, foi realizado no laboratório da Bell
Telephone Company e não teve uma patente registrada. O transistor bipolar
tornava-se o elemento ideal para uma lógica binária “off-on” de
computadores. Após a invenção do transistor seguiram-se importantes trabalhos de
engenharia para o seu aprimoramento, que até hoje fazem parte da nossa
microeletrônica. Em 1952, o engenheiro britânico G.W.A. Drummer observou que era
desnecessário fabricar todos os ingredientes do circuito eletrônico. O circuito
poderia ter dimensões menores se o transistor, o resistor e o capacitor
estivessem no mesmo pedaço do semicondutor. É o que chamamos de circuito
integrado. Na época havia muitas dificuldades técnicas para esta realização. Foi
em 1959 que o engenheiro americano Jack Kilby (prêmio Nobel de FÃsica em 2003),
que trabalhava na Texas Instruments, tornou realidade as idéias de
Drummer.
No inÃcio dos
anos 60 começava a produção em massa de circuitos integrados utilizando o
transistor bipolar. E foi também no começo da mesma década que ocorreu uma outra
importante invenção: a fabricação de um novo tipo de transistor, que poderia ser
mais facilmente incorporado na produção dos “chips”, o transistor de
efeito de campo, MOSFET (metal-oxide-semiconductor
field effect transistor),
inventado por Steven Hofstein e Frederic Heiman, pesquisadores da empresa RCA.
A engenharia da fabricação de circuitos
integrados avançou de forma extraordinária, o que pode ser observado pela
evolução no desempenho dos computadores. Na figura ? apresento, de forma
bastante esquemática, os elementos básicos de um MOSFET.

Figura 1
A voltagem no
gate (V ) é utilizada para controlar a densidade de elétrons no canal,
determinando a corrente que flui da fonte ao dreno, quando há uma voltagem (V ) aplicada entre eles. Na figura a espessura da camada
isolante (SiO ) e o comprimento do canal por
“L”. Há mais de três décadas o engenheiro Gordon Moore previu que a
densidade de transistores em um chip duplicaria a cada 18 meses. Essa
fantástica taxa de crescimento vem ocorrendo e é conhecida popularmente como
“Lei de Moore”. O principal fator para o aumento na velocidade com que um
computador executa uma operação é a redução do tamanho do transistor. Com isso,
um maior número de transistores é colocado em um único chip. Hoje temos
aproximadamente 60 milhões de transistores em um chip. A verificação de
Moore foi observar que a dimensão linear do transistor se reduziria
 em cada nova tecnologia. Conseqüentemente, a área diminuiria
com um fator de 2 e, portanto, 2 vezes mais transistores seriam colocados em um
chip. Hoje já são produzidos transistores com canais (L) de
50 nm e espessura do óxido de silÃcio (d) de
3 nm. Essa miniaturização alcançará os limites impostos pelas
leis da fÃsica em, no máximo, duas décadas.
O grande
desafio na engenharia da eletrônica digital é o desenvolvimento de tecnologias
para obter o limite-de-escala do transistor de silÃcio. Vários são os problemas
enfrentados na miniaturização: i) o calor gerado nas operações é
difÃcil de ser dissipado; ii) processos quânticos como
tunelamento de cargas podem adquirir proporções incontroláveis; iii) processos
litográficos têm que ser resolvidos; iv) e não podemos esquecer o
custo financeiro para a construção de uma fábrica, o que poderá aumentar o preço
do transistor e não diminuir, como acontece atualmente. Enfim, sabemos que,
dentro do paradigma da atual arquitetura, os chips em breve não mais
evoluirão e a Lei de Moore será esquecida.
Mais informações
[1] The
Solid-State Century, Scientific American, Special issue (1997).
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