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Objetos Frágeis [R.M. de Faria]
Objetos
Frágeis
Roberto Mendonça de Faria[1]
Instituto de FÃsica de São Carlos, Universidade de
São Paulo, S. Carlos, SP
Até recentemente, qualquer porção de matéria era classificada como
pertencente a um dos três estados clássicos da matéria: sólido, lÃquido
ou gasoso. Os gases ideais obedecem a leis bem estabelecidas e a reais
tratamentos especÃficos, conforme suas condições de temperatura e
pressão. Os lÃquidos diferenciam-se pelos fenômenos de escoamento (fluidez),
de tensão superficial e de molhamento. Um corpo sólido apresenta forma
bem definida e sofre uma deformação finita, quando sob tensão mecânica,
resultado de sua estrutura rÃgida oriunda de ligações quÃmicas muito
fortes entre os elementos que o compõem. Esses elementos — átomos ou
moléculas — encontram-se dispostos espacialmente de forma regular,
conferindo ao sólido uma estrutura cristalina. Um corpo vÃtreo (um
pedaço de vidro) é um caso diferente. Apesar de sua aparência sólida,
sua estrutura é desordenada, isto é, amorfa. Portanto, um material
vÃtreo não apresenta temperatura de fusão, mas exibe viscosidade, ainda
que infinitamente superior à dos lÃquidos em temperaturas próximas Ã
temperatura ambiente. O paradigma de três estados da matéria como
suficientes para enquadrar todos os materiais naturais e sintéticos vem,
entretanto, sendo questionado há algum tempo. Hoje, o enorme avanço das
técnicas cientÃficas, experimentais e teóricas, permite explorar
minuciosamente as estruturas dos materiais em escalas micro e
nanoscópicas, e vem abrindo portas para a inclusão de alguns materiais
meio-sólidos e meio-lÃquidos no mundo da investigação e das aplicações
tecnológicas. São os materiais pertencentes ao universo da Matéria
Mole, nome esse vindo das propriedades termomecânicas que exibem e
da contraposição à Matéria Dura (sólidos). Entretanto, uma
designação alternativa e mais apropriada a essa classe de materiais é
Objetos Frágeis.
Essa
classe de materiais consolida-se como sub-área do universo da Matéria
Condensada a partir dos anos 1970 quando importantes grupos de
pesquisa começaram a dedicar-se especificamente ao estudo de materiais
poliméricos, de cristais lÃquidos, além dos surfactantes e dos
biomateriais. Esses materiais têm em comum a constituição de sistemas
fÃsicos semi-sólidos ou semilÃquidos. Neste texto, entretanto, nós nos
dedicaremos somente aos polÃmeros e aos cristais lÃquidos,
principalmente àqueles que encontram aplicações nos dispositivos ópticos
e optoeletrônicos.
Mais informações
[1]Diretor
do Instituto de FÃsica de São Carlos, Universidade de São Paulo.
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